segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Diamantes na terra

Um sussurro ululante
Num vento cortante
"É dia 19 de outubro!"
Canta um grilo
Pois bem, ai nascia meu primo Danilo

Subia em pé de goiabeira
Corria por cafezais
Derrubava num empurro uma bananeira
Com risos de ternura e paz

Gostava de festas...
Gostava de sonhar...
Pulava por cima de arestas
Vivia num infinito amar

E nos diamantes que deixo na terra cair
Meu coração não quer lhe permitir partir.
Adeus meu primo sorridente
De tão fundo sonho ardente
Adeus meu amigo de infância
Durma sereno como em noite de criança...

                                                                                                         

 01 de novembro de 2013

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sentimentos periféricos

Subúrbios de um dia qualquer
Solidão que está doendo à horas
Desvio do olhar ao distante
Momentos supérfluos para quem já não ama.
Nos passos delgados da incerteza
Diz-se um pouco do nada da nobreza
Mas só é nobre quem ainda tem algum sentimento
Um notório show de bater palmas...
Fingir para alguém e deixar só
Novamente se pensa nos subúrbios.
Tão devasso e esquecido na biboca dos males
Pobreza de espírito dormente
Já se foram os dias em que se podia pedir chuva
Antes era mais simples...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Soneto de uma valsa

O salão todo iluminado
Inicia-se uma música bela
Sendo que aquela
É a valsa de um apaixonado

Ele espera um certo momento
Que parece ser eterno
Num calafrio de inverno
Mas ela vem com o vento

Ele a pega pela mão
A corteja bem devagar
Leva-a para o meio do salão

E num sonho começa-se a dançar
Acompanhando as batidas do coração
E dizendo pra sempre te amar.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Soneto curto

Num dia qualquer
Com chuva fria
A cabeça doía
Por causa de uma mulher

Tomou um remédio
Na rede deitou
O vento soprou
E quase morreu de tédio

A chuva foi embora
A dor ainda dói
E agora?

O moedor mói
Namora quem come amora
E então a ferrugem corrói.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Soneto poetizado

O poeta abriu seu livro sobre a mesa
Escolheu entre tantas uma caneta
Esboçou um borrão de letra
E escreveu algo para uma tal Maria Teresa

O que ele escreveu bem lá não se sabe
Mas está convicto do que quer alcançar
Pôs as palavras para entrelaçar
Pelo menos até que o poema acabe

E o fim está chegando
As rimas estão para se terminar
O livro está se fechando

Surge a última frase antes de tudo se acabar
E ela diz a tudo que está ventando:
“Teresa eu sempre vou te amar”.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Frio de inverno

Saudades de alguém que digo não ser muito mais do que tudo...
Profundo do mundo num só ser...
Andei vagando uns dias que nunca mais recordamos...
Dias frios, pois no inverno não há muito calor.
Mas, possa que haja haver amor.
Bem, andei num andar vago,
Buscando me livrar do sabor amargo,
Um certo sabor amargo que não continha nada mais que desejo
Desejo no viver cansado de buscar, calado,
A morte do dia e a noite no seu nascer pontilhado.
As trilhas que não se pode percorrer ainda estão intactas.
Quem sou eu para desafia-las?
Um mero nada escondido nisso tudo!
Mas as saudades se unem num único horizonte...
Horizonte meio escuro-claro...
O contraste ainda se fazia notar
nos riscos e rabiscos  das sombras de um papel sombreado.
Seria confuso, complicado e até desnorteante;
Mas eu ainda conseguia me lembrar de seu rosto lindo...
Dizendo-se lindo por ocasião de que não se perde os olhos de anjo.
Assim também se vê a auréola da eterna inocência,
Que de tempos em tempos se procura uma luz que brilhe mais que o sol.
As horas estão indo e vindo, findo.
Não tenho muito tempo pra dizer adeus,
Talvez isto seja apenas para os fortes...
Dizer adeus...
Ela ainda me espera?
Nem sei mais do que deveria esquecer
E que não se pode corrigir e nem emendar em um novo sentimento.
A saudade volta... nunca se foi mesmo.
Quero é querer um pouco mais do que nem sei do que quero.
Desespero não é uma palavra que deve ser usada aqui,
Mas irei usá-la com mais frequência na minha vida mundana...
Mundana não...
Enfadonha...
Perdida...
Enegrecida por anos inglórios.
Eu não devia tê-la abandonado...
Amo-a demais e grito meu desespero pelos ares de todos os ventos.
No fim fico rouco de poucas causas que talvez eu não saiba valorizar.
Agora ainda não é tarde, mas é frio...
Frio de inverno...
Talvez seja mais uma desculpa para voltar atrás e tentar  te achar
Mas esse meu querer te achar é infindo?
Ainda não sei o que deixaria de ser...
As mãos gélidas que não possuem luvas rasgadas pelo carvão obscuro
Estão definhando num apodrecer congelante.
Creio que já estou amargurado porque quero
Mas possa também que seja uma ressaca do mar...
O mar está tão longe e tão inalcançável para mim
Não sei porque ele existe
Finge não estar, resiste
Vai e volta, insiste
Volta e vai, persiste.
Metáforas de dores que talvez não sejam tão dolorosas
Parece que o mundo roda e sempre roda sem se importar com o resto
Não se faz nada, dorme-se no relento
Eu grito: te amo!
Palavras mal usadas, em vão
Vento não morno nem tão quente que não possa ser confundido com frio.
De novo o frio...
Frio de inverno.
Talvez as memórias estejam num guarda-roupas antigo e corroído pelos cupins.
Eu a amo, é o que basta?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Soneto miserável

No prato alguns grãos de arroz
O rosto meio amargurado
Na tristeza de tudo acabado
Com medo do que venha depois

Estes eram os últimos grãos que tinha para comer
A seca acabou com tudo o que possuía
Seu corpo então já percebia
Que restava pouco tempo para se viver

A poeira dizia em prantos
Que nem agüentava aquele calor
E os mortos debaixo de seus mantos

Refletiam da terra o seu sabor
Pedindo a todos os santos
Que os livre desta dor.