sábado, 21 de maio de 2011

Morrer é para os fracos

                O semáforo estava no vermelho,
                Diego refletia uma dor de cabeça insana que teimava em persistir desde a semana em que não teve que trabalhar. Talvez a dor só viesse por isso mesmo, para incomodar o seu devido descanso descansável que há muito tempo almejava. Mas essa dor já estava chegando há quase um mês. Remédio não fazia efeito nem defeito. Ainda não havia ido ao hospital por falta de tempo e um tanto de preguiça. Mas hoje resolveu visitar alguém que estivesse de jaleco branco. Que frio. Desconversa.
                Sentou-se defronte a uma mulher. Ela fez aquelas perguntas de eras medievais e que acabam por fazer uma radiografia na cabeça. E assim foi feito. Que triste seria o fim de Diego. Saiu transtornado do consultório e deitou-se na escada ali mesmo. Talvez ele tenha dormindo por algum tempo e chorado até o pó, que vem de todas as calçadas do mundo, lhe impregnasse o rosto. Deixou o carro estacionado ao lado da placa “pare”, caminhou em direção a uma ambulância, quebrou o vidro, abriu a porta e esperou. Suspirou. Transpirou. Olhou a chave e ligou o motor e a sirene. Acelerou e entrou na avenida. Bateu de frente com um caminhão e deixou-se morrer.