quinta-feira, 24 de março de 2011

Vermelho

Nos olhos de minha amada
Eu vejo uma mulher de sonhos eternos
Que sabe o que quer e o que fazer
Que num sorriso pode e assim deixa
Deixando o tom do vermelho cereja...

Às vezes o vento balança de leve o seu cabelo
Que vai de lá pra cá
Em pequenos desalinhos momentâneos
Fazendo com que tudo pareça eterno
E mesmo assim sabemos que irá acabar
Mas quando acaba, vem o desejo
Desejo do teu beijo...
Fruta vermelha do que vejo...

Meus dias já não são mais os mesmos
Eu vivo apenas por sua felicidade
Pois sua felicidade é o que traz luz ao mundo
E ainda nos verões de janeiro
Chamar-te pra ficar junto de mim
E vermos um pôr-do-sol vermelho...
(e amar-te como nunca amei ninguém)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Humanidade

Está um calor degradante
Algumas pessoas difusas, confusas
No seu vagar lento dentro invento
Outras estão sentadas observando
Observam um sorteio sorteado
De não perdidos e nem achados
Prêmios de um certo acaso
Tapesaria persa, sapatos franceses
Flores dentro de um vaso
Dito números impossíveis
Uns sete, oito, três
Associando letras gregas
Tudo assim por assim de uma vez
Ganhadores de todas as formas
Formatos assim dizendo geométricos
Triangulares, circulares, quadrado
Poucos chegavam de lado
E assim se ia indo num percurso
Percurso este que era só rodinhas
Que não saia da extrema esquerda
Às vezes variava para a direita.
Pessoas de caras serenas, de rostos cansados
De faces felizes e semblantes declinados
Procuravam o que fazer, o que crer
Um pouco do que ver, um pouco no que se viver.
Diversão alheia e à parte
Não necessita de cartão de crédito
Tampouco algo voltado para o débito
Sorrisos desavisados, despreocupados
Não há entrada para pagar
É só sentar, relaxar, apreciar
Um show irá começar, recomeçar.
E assim se faz arte.
Nus gestos preditos, infindos
No querer dizer
Sejam bem-vindos.

sábado, 12 de março de 2011

Garça

Se olhássemos para a margem do rio, talvez, só talvez, veríamos que ali estaria um homem usando chapéu. Perguntariam por que estaria de chapéu? Oras, era pelo sol quente do meio do dia, mas, de certa forma, poderia ser pelo costume. Todos os dias, mesmo o sol não aparecendo, lá estava aquele homem de chapéu; mesmo na chuva, ou à noite, quando saía para caçar tatu, jaguatirica, queixado; às vezes jaratataca, mas este ele não comia, mas também não o matava por prazer; era apenas confusão.
                Não sei por que, mas hoje ele estava pescando; acho que não iria trabalhar. Apanhou um graveto e nele colocava os peixes fisgados. Por hora era só. Às vezes ficava com os olhos esmiuçados na água, até que os fechava. Só os reabria quando uma muriçoca o incomodava. Então, não sei se por preguiça ou satisfação, resolveu ir embora.
                Agora acontecia algo estranho. Ele dava um berro estranho. Algo respondia estranhamente. E Então uma garça surgia no céu para depois pousar em sua frente. Ele lhe fazia cafuné, lhe dava um peixe. Parecia que o bicho falava com ele. Não, era só o sol afetando o miolo. Daí ele ia embora de vez.
                 A garça ficava cabisbaixa, parecia triste, mas estava era de olho num lagarto. Acho que conseguiu o que pretendia. Depois coçou as penas com o bico e ficou numa perna só. Entrou e tornou a ficar numa perna só.
                Então eu me levantei do lugar em que estava escondido, tirei uma foto e levei para A Casa da Moeda, onde o retrato da garça foi estampando na nota de cinco reais.