sábado, 21 de maio de 2011

Morrer é para os fracos

                O semáforo estava no vermelho,
                Diego refletia uma dor de cabeça insana que teimava em persistir desde a semana em que não teve que trabalhar. Talvez a dor só viesse por isso mesmo, para incomodar o seu devido descanso descansável que há muito tempo almejava. Mas essa dor já estava chegando há quase um mês. Remédio não fazia efeito nem defeito. Ainda não havia ido ao hospital por falta de tempo e um tanto de preguiça. Mas hoje resolveu visitar alguém que estivesse de jaleco branco. Que frio. Desconversa.
                Sentou-se defronte a uma mulher. Ela fez aquelas perguntas de eras medievais e que acabam por fazer uma radiografia na cabeça. E assim foi feito. Que triste seria o fim de Diego. Saiu transtornado do consultório e deitou-se na escada ali mesmo. Talvez ele tenha dormindo por algum tempo e chorado até o pó, que vem de todas as calçadas do mundo, lhe impregnasse o rosto. Deixou o carro estacionado ao lado da placa “pare”, caminhou em direção a uma ambulância, quebrou o vidro, abriu a porta e esperou. Suspirou. Transpirou. Olhou a chave e ligou o motor e a sirene. Acelerou e entrou na avenida. Bateu de frente com um caminhão e deixou-se morrer.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Micro ensaio sobre a educação

Ao observar o que move a sociedade atual, não há outra resposta mais exata que a educação.
                A vida como conhecemos hoje, foi feita por homens que buscaram conhecimento visando revolucionar a forma como as pessoas viviam. Assim, eles criaram máquinas capazes de ampliar novos horizontes, facilitar o que o ser humano faz com tanto esforço, de forma que ele passe a aproveitar mais seu tempo. Mas, para isso, faz-se necessário que ele entenda, compreenda esses homens com o intuito de progredir ainda mais no que já foi feito.  E como fazer isto?
                A resposta é simples e direta: estudar. E o que seria este estudar? Bem, é ir em busca de uma orientação que possa-lhe guiar na direção certa, de forma prática e objetiva. Os dias de hoje estão mais sombrios, rígidos e seletivos; a cada momento cobram mais conhecimento; não há mais espaço para quem não quer estudar.
                É necessário extrair tudo o que um professor possa oferecer e ainda ir atrás de outras fontes. O mundo não é mais uma teoria de Darwin, onde o mais forte sobrevive, mas de quem possui mais coragem em obter conhecimento.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Safira

Como que vinda de lugares onde o sol sempre brilha
Ela apareceu...
Os olhos castanhos e reluzentes
Num querer bem do que dizer
Sorrindo para um não findo amanhecer...
A sua face rosada e um tanto quanto dourada pelos raios solares...
Fez com que tudo fosse esquecido e ao mesmo tempo transformado por sua beleza...
Oh! Safira, você fugiu com o meu coração
Levou-o para longe, para os confins de terras esquecidas e o escondeu...
Agora, não sou mais dono do meu ser... pertenço a você, apenas a você.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vermelho

Nos olhos de minha amada
Eu vejo uma mulher de sonhos eternos
Que sabe o que quer e o que fazer
Que num sorriso pode e assim deixa
Deixando o tom do vermelho cereja...

Às vezes o vento balança de leve o seu cabelo
Que vai de lá pra cá
Em pequenos desalinhos momentâneos
Fazendo com que tudo pareça eterno
E mesmo assim sabemos que irá acabar
Mas quando acaba, vem o desejo
Desejo do teu beijo...
Fruta vermelha do que vejo...

Meus dias já não são mais os mesmos
Eu vivo apenas por sua felicidade
Pois sua felicidade é o que traz luz ao mundo
E ainda nos verões de janeiro
Chamar-te pra ficar junto de mim
E vermos um pôr-do-sol vermelho...
(e amar-te como nunca amei ninguém)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Humanidade

Está um calor degradante
Algumas pessoas difusas, confusas
No seu vagar lento dentro invento
Outras estão sentadas observando
Observam um sorteio sorteado
De não perdidos e nem achados
Prêmios de um certo acaso
Tapesaria persa, sapatos franceses
Flores dentro de um vaso
Dito números impossíveis
Uns sete, oito, três
Associando letras gregas
Tudo assim por assim de uma vez
Ganhadores de todas as formas
Formatos assim dizendo geométricos
Triangulares, circulares, quadrado
Poucos chegavam de lado
E assim se ia indo num percurso
Percurso este que era só rodinhas
Que não saia da extrema esquerda
Às vezes variava para a direita.
Pessoas de caras serenas, de rostos cansados
De faces felizes e semblantes declinados
Procuravam o que fazer, o que crer
Um pouco do que ver, um pouco no que se viver.
Diversão alheia e à parte
Não necessita de cartão de crédito
Tampouco algo voltado para o débito
Sorrisos desavisados, despreocupados
Não há entrada para pagar
É só sentar, relaxar, apreciar
Um show irá começar, recomeçar.
E assim se faz arte.
Nus gestos preditos, infindos
No querer dizer
Sejam bem-vindos.

sábado, 12 de março de 2011

Garça

Se olhássemos para a margem do rio, talvez, só talvez, veríamos que ali estaria um homem usando chapéu. Perguntariam por que estaria de chapéu? Oras, era pelo sol quente do meio do dia, mas, de certa forma, poderia ser pelo costume. Todos os dias, mesmo o sol não aparecendo, lá estava aquele homem de chapéu; mesmo na chuva, ou à noite, quando saía para caçar tatu, jaguatirica, queixado; às vezes jaratataca, mas este ele não comia, mas também não o matava por prazer; era apenas confusão.
                Não sei por que, mas hoje ele estava pescando; acho que não iria trabalhar. Apanhou um graveto e nele colocava os peixes fisgados. Por hora era só. Às vezes ficava com os olhos esmiuçados na água, até que os fechava. Só os reabria quando uma muriçoca o incomodava. Então, não sei se por preguiça ou satisfação, resolveu ir embora.
                Agora acontecia algo estranho. Ele dava um berro estranho. Algo respondia estranhamente. E Então uma garça surgia no céu para depois pousar em sua frente. Ele lhe fazia cafuné, lhe dava um peixe. Parecia que o bicho falava com ele. Não, era só o sol afetando o miolo. Daí ele ia embora de vez.
                 A garça ficava cabisbaixa, parecia triste, mas estava era de olho num lagarto. Acho que conseguiu o que pretendia. Depois coçou as penas com o bico e ficou numa perna só. Entrou e tornou a ficar numa perna só.
                Então eu me levantei do lugar em que estava escondido, tirei uma foto e levei para A Casa da Moeda, onde o retrato da garça foi estampando na nota de cinco reais.